CRÔNICAS, ETC
Anttonio Oliveira, arquiteto, urbanista e um aprendiz das palavras. Contatos: Email: anttonioarq@yahoo.com.br Twitter: @Anttonioarq Instagram: anttonioarq
BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.
Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempo – Carlos Drummond de Andrade)
sexta-feira, 8 de março de 2024
Por que sou contra o dia das mulheres
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
Os donos do mundo e o show de Truman
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / Março de 2017
terça-feira, 29 de março de 2022
Meu filho, você não merece nada
O texto é de 2011, mas o tema atualíssimo. A jornalista Eliane Brum tocou na ferida de muitos pais, que cometem o autoengano que a melhor educação é dar tudo (que eles não tiveram) para seus filhos. Talvez, nos dias tão tenebrosos e cheios de cancelamentos como os que vivemos neste 2022, ela fosse censurada pelo próprio órgão (Editora Globo). A revista deixou de circular, o texto é atual e o mundo só piorou.
Antônio
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adulto há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada — e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nasceram prontos — bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas — onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece — porque obviamente não acontece — sentem-se traídos, revoltam-se com a "injustiça" e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção — e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade — e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam "felizes". Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues — sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e as buscas, duas faces e um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que "fulano é esforçado" é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do "eu mereço".
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações — e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: "Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil"? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer — este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem-sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma — já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos — o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem — e aos pais caberia garantir esse direito — que o tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno de sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade — e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar — e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas de desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidade e riscos grandioso quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se torna aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso línguas ou Ipad é dizer vez em quando: "Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua". Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: "Olha, meu dia foi difícil" ou "Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso" ou "Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir". Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentirem que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo — ou para descobri-lo —, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
(Eliana Brum - jornalista, escritora)
O texto original pode ser encontrado clicando AQUI
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / março de 2022.
quinta-feira, 4 de março de 2021
Tuite da madrugada
1 - Seria mágico, fosse só engolir uma red pill e ver o mundo com suas mazelas e realidades. Mas o caminho longo requer entrega, porque deixa-se a própria vida em busca da verdade dolorida. E isso é penoso e árduo. Melhor ficar no ilusório que o mundo é bom, é só você não jogar canudinho no mar;
2 - As pessoas se sentem mais humilhadas e ofendidas não são as minorias (negros, gays, mulheres, gordos, anões moicanos, etc), mas aqueles que os defendem, sem procuração. Porque, sem essa narrativa, eles perdem o repertório e deixam de existir. O mundo viveu muito bem até surgirem os justiceiros sociais;
3 - A teologia da libertação, por trás de todas as campanhas da fraternidade, é a célula cancerígena satanista no seio da Igreja da América Latina. Ela se impõe e acredita mais no homem do quem Deus, e na mãe-Terra (como meio e fim) do que na eternidade do céu. Não precisa dizer mais nada;
4 - Quando Hitler pôs aqueles judeus no trem, alguém com coragem gritou: — estão levando-os para a morte! Aí um isentista vacinista retrucou: — Isso é teoria da conspiração. Você conspira contra um Estado democrático e de direito. Negacionista, fascista, genocida!;
5 - Um dia, as redes sociais engolirão a todos, sem pena. E só ficarão os que postam receitas de bolos e pudins; os que procuram cães e gatos perdidos; e o tolos de sempre, que fazem selfie de máscara dentro do banheiro do supermercado;
6 - Um dia, uma pane divina irá derrubar toda a internet do mundo. Voltaremos ao telefone preto, de gancho. Ou, quiçá, retornaremos às cavernas, às fogueiras, à pre-roda; ao homem caçador-coletor com suas armas de madeira e sua mulher sem xampu e maquiagem. Começaremos o mundo do zero. Um great reset;
7 - Quando a big-tech se instalou no Vale do Silício ninguém imaginou um poder. Plataformas, redes sociais, tudo era bem vindo. Hoje, o Vale do Silício é o QG do mundo. De onde vem as ordens: censura, perseguições, cancelamentos, etc. Para mim, o great reset é a pane mundial da internet e a volta do telefone de gancho;
8 - "A América [EUA] é como um corpo saudável e sua resistência é um tripé: seu patriotismo, sua moralidade e sua espiritualidade. Se podemos mina essa três áreas, a América vai colapsar por dentro." Essa frase foi dita por Joseph Stálin, líder comunista e genocida da antiga URSS. Essa frase ganhou vida própria e o trabalho foi feito minuciosamente, pacientemente e sem nenhuma resistência, por décadas, no coração da América. E o resultado está aí, em 2021;
9 - Senta aqui, olhe esse mundo. Você está preso em sua casa com medo de um vírus gerado na China. Os caras estão incendiando igrejas, perseguindo os justos, aprovando leis de aborto, derrubando democracias, impondo uma agenda globalista. Creia, satanás já está no meio de nós, há tempos!;
10 - Quando Jesus contou a parábola do joio e do trigo, no juízo final (a ceifa), Ele não incluiu outra semente como opção, a do isentismo. Isentista é aquele cara que tem certeza que ficará impune de condenação no fim do mundo, por que não torce para lado nenhum. Entre o bem e o mal, entre a verdade e a mentira, ele não opina;
11 - Escrevo de novo, e mais claro. Pense num mundo criado pela maioria. Bem, ele já se fez e está aí, há milênios. E quando surge algo fora da normalidade, tudo se contorna, se adapta. Bem lógico, não é? Agora, imagina um mundo onde todas as especificidades e minorais têm que ser atendidas, senão está tudo errado. Então, bem vindos ao século XXI!;
12 - Dê às pessoas alguma distração que as façam se sentirem livres, donas de si, inclusas e sábias, como: meio ambiente, causa animal, feminismo, gayzismo, veganismo, desarmamentismo, cicloativismo, etc. Elas jamais imaginarão que alguém as manipula. E quando, depois dessa longa distração, você alcançar o poder, tire tudo delas e lhes dê somente a escravidão, como nunca também imaginaram.
13 - Nunca foi por salvar vidas. Nunca foi pelas mulher, pelos trabalhadores, pelas crianças, pelo meio ambiente, pela democracia; nunca foi pelos pobres, negros, gays, anões, coxos, índios, sem terras e sem tetos. Nunca! Sempre foi por um projeto grandioso de poder; o poder de um governo que nem eu e nem você conseguimos tocar, pois a mão grande é invisível a todos nós.
14 - O mau do ser revolucionário é que ele não suporta as tradições, a história, os valores e tudo que a sociedade, naturalmente, construiu a partir da separação do que é certo e errado, do que é bom e ruim, do que é mentira e verdade. Como um chefe novo que chega e desconstrói toda dinâmica do departamento e depois some, pede contra ou é demitido. No fim, ninguém mais se lembrará como as coisas, antes, funcionavam.
15 - Livrar o mundo do politicamente correto é nos livrar de uma narrativa que quer impor (ou corrigir), sob pena e forma de censura, termos, atitudes, posicionamento, costumes e palavras com a desculpa de não constranger mais pessoas, grupos e classes minoritárias. É nos livrar de uma erva daninha que controla a opinião pública e enlamea o tecido social.
16 - O politicamente correto é a negação do óbvio, da lógica, do que é ético, do que é moral, da estética. Com a intenção clara de corrigir, reparar e repreender tudo que é livre e verdadeiro. (O pensamento e os olhos são livres para estímulos.) Dizer que Brigitte Macron, por exemplo, é bonita, é instrumentalizar a narrativa politicamente correta; é uma das formas mais sujas e verborrágicas. Porque, no fundo, até ela sabe que não é;
17 - Pare com essa "gratidão" desenfreada e diária, pois dá a conotação de vida plena. Agradeça, sim, mas cuide, espreite e vigie suas noites, pois nas sombra rondam legiões com fome de almas. Reze para afastar satanás da sua vida e desarmar suas armadilhas. Só de agradecimento, uma hora agradecerá pelas migalhas que caem da mesa do rei, achando que elas vêm de Deus;
18 - A sociedade estará salva, enquanto ainda existir aquele cidadão suburbano, pai de família, cristão, sentado no boteco, tomando sua Skol, comendo torresmo, jogando conversa fora, depois de um dia de trabalho árduo, construindo aquela edícula no fundo, onde sua filha vai morar depois de casada. Ele é a matriz; ele é a raiz. E ninguém o percebe;
19 - A última instância quer dizer a última palavra e tudo que julga e comanda a sociedade e os povos do mundo. É sob essas instâncias tirânicas (ONU, OMS, STF, mídia mainstream, etc) que escarnecem e se abrigam os canalhas, porque ninguém os julgará e os condenará. Não há mais onde se recorrer, porque eles são o fim em si mesmos;
20 - Em muitos locais de trabalho ainda têm aquele funcionário que é o verdadeiro faz-tudo. Ele faz reparo elétrico; ele troca a bucha da torneira pingando; é ele também que troca os galões de água, diariamente; é ele quem tira os pentelhos do mictório e, se precisar, desentope o vaso sanitário. Ah, ele ainda faz o café para a repartição toda. Minha única preocupação é quando as pessoas dessa geração tiverem que ser substituídas pelo nutellismo;
21 - Há uma casta que domina o mundo, e isso é notório, porém invisível no dia a dia. Agora, visível são as forças que estão abaixo dela, e é dominada e conduzida por ela. São pessoas do meio político, jurídico, celebridades e milionários influenciadores, que se vendem como se fossem, um dia, poupados da grande escravidão;
22 - É claro que, a maioria das pessoas tem somente a percepção daquilo que lhe cerca e pode ver. Pedir que faça links numa longitude continental é demais ao cidadão comum. O idiota revolucionário é tão medíocre (ou pior) que o pseudo-humorista Adnet, que acredita que na China há humoristas como ele, fazendo piadas do governo. A bolha, onde ele (revolucionário) vive, não permite pensar fora do imaginário ideológico; ele não junta lé-com-cré; ele não enxerga que os fatos são aquilo que expõem e revelam a vida, e muito antes do marxismo existir. Fugindo de si, ele pensa que está num parque temático e a vida, no século XXI, é como num livro de autoajuda: tudo é uma questão de escolha; da sua escolha. E ele acredita que há liberdade suficiente para fazer a sua.
23 - Não deixe que seu filho seja um retardado que abraça árvores. Ensine-o a abraçar pessoas. O planeta (a natureza) caga-e-anda para essas modinhas. O universo, então, é totalmente alheio a você e todas essas bobagens progressistas, que enfiam goela abaixo sem você perceber. Até amanhã com mais dicas AMBIENTAIS;
24 - O STF já tirou os poderes do executivo no combate ao COVID; o STF já impediu a expulsão de diplomatas venezuelanos; o STF já barrou a indicação do chefe da PF; o STF já proibiu a PM carioca de subir os morros; o STF já soltou presos durante a pandemia; o STF já fechou jornal, já prendeu jornalistas, deputado e outros por emitirem opinião; o STF já ameaçou prender ministro de Estado; o STF já soltou Lula e Zé Dirceu; o STF já interferiu na PF na busca/apreensão no gabinete do Serra, etc, etc. Mas o fascista, negacionista e genocida é Bolsonaro;
25 - Um dia, Mark Zuckeberg, dono do mundo e das privacidades alheias, vai mandar uma mensagem no seu WhatsApp, dizendo que a última prestação do seu televisor Colorado RQ, que você comprou no carnê (12 parcelas) na Arapuã, em 1976, está sem pagar até hoje;
26 - Lula aparelhou o Estado em nome de um projeto de poder. Lula nos entregou nas mãos de uma organização criminosa internacional. Lula empobreceu nossa cultura. Lula sucumbiu nossa educação, nos tornando mais analfabetos. Lula tirou nossa capacidade cognitiva. Lula ridicularizou e diminuiu o valor de nossa religião e família. Lula relativizou nossa moralidade. Lula criou o bandido bom e os policiais marginais. Lula endividou o país em salvação de repúblicas comunistas. Lula criou o ECA e desarmou a população, dando poder ao crime organizado. Ele surrupiou nossas vidas e almas.
Tudo em nome de um projeto ideológico de poder. Pare de chamar Lula de ladrão e comece a chamá-lo daquilo que ele é: o maior ASSASSINO DE MENTES da história do país. O pulha que amordaçou e assassinou uma geração inteira, deixando um rastro de destruição em todo tecido social; e que agora está enlameado e despedaçado, sem remendo num curto prazo de tempo. Esse é seu legado. Pare de chamar Lula de ladrão!;
27 - Quando as coisas começarem a não dar certo na sua vida, finja desmaio; finja que foi atingido na alma. Caia no chão, chore, esperneie. Alegue que foi racismo, machismo, gordofobismo, misoginismo, bullying, etc. Urre: — Eu sou minoria! Logo virá uma tropa de justiceiros sociais, ungidos, para levantar você e te dar colo, porque seu coitadismo é o que importa. Vai fundo, isso está dando certo;
28 - A extremíssima imprensa fez deboche quando Bolsonaro, na ONU, pediu para que o mundo combatesse a cristofobia. Diminuíram, dizendo que seria um desvario do presidente, já que ninguém morre por ser cristão. Primeiro, morre-se, sim. Segundo, porque a cristofobia está no centro da agenda progressista. Agora, além de fingirem as mortes, eles também fingem que não veem igrejas ardendo em chamas.
29 - Deparei com um vídeo de 1984, no crepuscular militarismo. Elba Ramalho cantando "Banho de cheiro" no Maracanãzinho, no Chacrinha. Aquele caldo suculento, tropical, de felicidade brega misturada com buzinadas e liberdade febril; com a câmera passeando, grudada nas bundas daquelas deliciosas chacretes. Tudo temperado com muito calor humano, exalando de uma plateia periférica; de gente simples, deslacrada, demartphonizada, sem medo e sem máscara. Um mundo real que não veremos mais. Confesso, caiu uma lágrima de saudade. Ah!, como eram doces aqueles velhos e pueris anos. Um trem que partiu e sumiu na neblina de outono. Até a simples felicidade, hoje, você deve satisfação às redes sociais do seu falso mundo virtual;
30 - Às vezes, eu penso em acender a luz, mas muitas pessoa não estão preparadas para isso, para o que vão ver. Então prefiro que elas acreditem no que falo no escuro.
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / Março de 2021.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
O ex-romântico
Volto aqui, a este Blog, para tirar a poeira da tela e as teias de aranha do teclado, na perseguição do tema único. Naveguei nas redes sociais este ano, exclusivamente no Twitter, e lá pinguei algumas notas, apanhando ideias e temas cotidianos; cortando palavras e abreviando outras para caber. E o tema único desapareceu, não veio. Não dava para pensar com galopantes acontecimentos diários que me arrastavam para lá e para cá. Um turbilhão.
Agora, acordo com isso na cabeça: falar sobre um "eu" que sobrou deste ano (e está aqui) e um outro que já fui um dia, que deixou de existir; e aqui me abro como uma janela para o amanhã.
O Blog completou 10 anos, mas muito do que escrevi desde 2010 para cá mudou essencialmente em mim. Digo "ainda bem", porque eu comecei a década bem fechado em meu mundo; um mundo balizado ainda por ilusões, dentro da Matrix, sem percepção e tato da realidade. O romantismo nos condena aos sonhos. A vida é muito real para ser romantizada e não reparar que as guerras nem sempre são entrincheiradas, com tanques nas ruas, mas estão também no campo de batalhas das ideias, das mentes.
Talvez, porque naqueles anos, eu ainda não sentisse tanto as transformações do mundo e elas ainda não me feriam. Acreditava, contudo, nas mudanças naturais, sem interferências como o dia que vira noite e a noite que vira dia. Não percebia os organismos vivos, atuando dentro de uma deep state; obstruindo os caminhos da humanidade e, assim, interferindo no estado natural da vida humana, com o alvo único de desidratar a lógica humana e colocar dúvida na realidade. A prova é este ano de 2020. Os frutos podres estão brotando nas lavouras, de um semear que não vimos acontecer, porque estávamos romantizando demais a vida. Os algozes não dormem e nem mandam rosas. Adiante.
Numa palestra, o historiador (pensador?) Leandro Karnal chamou de sociedade falocêntrica, a sociedade dominada por homens. O que ele quis dizer com isso? O vídeo no YouTube é curto, mas pontual e claro: o ódio ao sexo oposto. Ele disse que o cavalheirismo é um modo de opressão do homem sobre a mulher. (Quis parar de ver desde aí, mas aguentei e fui até o fim. Eram só seis minutos.) Nem Simone de Beauvoir, no alto do seu feminismo, foi tão fundo em lançar na arena homens e mulheres, numa guerra de sexos estimulada por espaços e direitos. Ao trocar um pneu do carro, para uma mulher na estrada, o homem a condena ao fracasso, a sua fragilidade, mostrando sua incapacidade. Isso é o falocentrismo, citado pelo palestrante, como um reinado de machos que, na falsa ideia de proteger, na realidade, oprime. Foi o que disse essa entidade da intelligentsia.
Deixemos Karnal de lado, os direitistas nas redes sociais já debocham das suas teorias, onde parece que filosofa para um auditório do ensino médio. O que tento subtrair é onde ele quer chegar com isso. Ele, e muitos da intelligentsia, pregam a nova sociedade, numa eterna luta de classes, que agora já não é mais burgueses contra proletariados. Vale qualquer luta. "Ressignificar" — palavra progressista e nova — a vida dentro do espírito de uma nova sociedade para um novo homem, que a humanidade terá que experimentar, queira ou não. Bem, não quero fugir do assunto.
Volto para mim. Eu sempre retorno aos filmes que já vi, aos livros e crônicas que já li. A crônica "O ex-covarde" de Nelson Rodrigues — já compartilhei aqui no Blog e você pode ler aqui — é um desses textos que abrem uma janela na alma, rasgam o véu dos olhos. Um divisor de águas da vida. Morria ali um Nelson medroso e nascia um combatente aos pulhas, canalhas e ao sistema. Porque, diferente de muitos, tinha o dom de enxergar o mundo 30, 50 anos de distância.
Neste contexto, refiro a mim como um homem que passou dos 50 anos, que já não cai mais nas ciladas da vida romantizada e de um paraíso terrestre; e que nossas fantasias amorosas se tornarão a magia de um filme hollywoodiano um dia. O cristianismo, com os pés sempre no chão, nunca acreditou ou pregou que o paraíso começa aqui. Há uma vida nos esperando.
Ali, nos meus 14 anos, diferente de muitos dos meus amigos, eu não ouvia muito rock. O disco que furava na minha vitrola era "Horizon", dos Carpenters. O disco começa com Aurora e termina com Eventide. A mesma melodia com letras diferentes. Esse foi meu devaneio, onde o lado romântico borbulhava, com o olhar terno e esperançoso para um mundo que não tinha na vida real, só sonhos. Tudo em mim se encantava como aquela garota da escola, que usava minissaia e meia 3/4 branca.
Sei que vão dizer do meu signo. Que sou romântico por ser canceriano. Eu hoje posso dizer que sou um ex-romântico. Libertei, sai da Matrix para enxergar um mundo como ele é: amargo, com olhares de desconfiança e menos otimista. O mundo é uma receita de melancolia com momentos de felicidade. É preciso ver pela lente da realidade. A verdade, que agora persigo, me diz isso: a vida é dura, labutada e agora controlada por seres invisíveis, vigilantes do nosso dia a dia.
Cansei de ser romântico para ser autêntico. E isso não tem volta. Claro, aqui não mato o homem que há em mim, quando se refere ao objeto do amor. Explico. Outro dia, disse a uma pessoa que o jeito homem de ser, no amor, é muito diferente da idealização romântica. O homem, numa condição plena, ama sua mulher e família dentro do seu trabalho. Ele não é da paixão, das datas comemorativas, das flores. Ele é puramente do trabalho e tudo aquilo que ele se entrega para conservar sua família (seu amor) numa condição de bem estar. É doação, mais que inspiração romântica.
Os que viveram essa transição da era rudimentar, sem computador, para a internet sabem bem o que é uma coisa e outra. Muito diferente dessa geração que já nasceu com o celular nas mãos. Eles são facilmente manipuláveis, enquanto nós acreditamos em alma, em brinquedos que nós mesmos fizemos. Eles são induzidos a pensar que livre expressão é o mesmo que cometer um crime de expressão, de ofensa. E por isso, vigiam os pais, o ambiente onde trabalham, as falas — censuram. Não percebem a manipulação que sofrem. Posto, eu não me anulo, não adulo, não me adequo e teimo e não ceder.
Mas o que há de tão assombroso neste século XXI? Para mim, a falta de Deus. Isso é o que há de pior. Uma propaganda maciça anticristã associada aos avanços da ciência fizeram do homem, que está aí vagando nesse mundo, um ser que não precisa mais de Deus, porque ele já se sente um. Ao assumir esse papel, é penetrado pelo poder de fabricar seus próprios corpos e mentes, governar o planeta (só olhando para o meio ambiente) e desafiar as leis da vida. A Igreja deixa de ter importância como fio condutor da moral e ética, e a nova geração já está adorando na internet seus novos deuses e guias espirituais. Malgrado, ser longevo, ter saúde não é garantia de que somos melhores. Sem a crença no Sagrado, empobrecemos como seres humanos. Cada vez mais tolos e fracos.
O ano 2000 está só há 20 anos daqui (de nós), mas parece muito mais longe. Isso é o que sinto. As transformações sofridas no mundo, nesse curto espaço de tempo, são bárbaras; piores que uma grande guerra. Theodore Dalrymple, em seus livros, fala dessa vida tóxica já corroendo nossos dias nos anos de 1990. Só um observador do mundo, com uma lupa na alma, poderia notar. A humanidade, ainda não. E agora sai todo mundo catando os cacos do chão, perdidos. Um vaso valioso se quebrou. Quem foi?
"Tudo em volta induz à loucura, ao infantilismo, à exasperação imaginativa. Contra isso o estudo não basta. Tomem consciência da infecção moral e lutem, lutem pelo seu equilíbrio, pela sua maturidade, pela sua lucidez. Tenham a normalidade, a sanidade, a centralidade da psique como ideal. Prometam a vocês mesmos ser personalidade fortes, bem estruturadas, serenas no meio da tempestade, prontas a vencer todos os obstáculos com a ajuda de Deus e de mais ninguém. Prometam SER e não apenas pedir, obter, sentir, desfrutar. Prometam ser." - Olavo de Carvalho
Rosebud, rosebud... Foi sussurrando essa palavra que mr. Kane terminou sua vida. Um homem de riqueza e poder, como num lamento à vida que deixava, cerrou seus olhos com essa enigmática Rosebud. No fundo, ao fim, toda uma vida exacerbada e de poder, ele resumiu naquele trenó da sua infância roubada. Se alguém ainda acha que pedir comida pelo iFood ou jogar PlayStation são avanços, então não entendeu nada da vida; não sabe o valor intrínseco que há em construir e usar, com liberdade, o próprio carrinho de rolimã. Rosebud. (Veja o filme "Cidadão Kane", 1941, com Orson Welles, e compreenderá que você também procura o seu trenó.)
O romantismo, que vimos nascer no século XVIII, como movimento artístico, literário e comportamental, já virou pó na estante desses novos dias. Hollywood já não produz mais os clássicos de paixões platônicas. Não há mais pinceis em telas nuas; não há mais trilhas sonoras que vão da aurora ao entardecer. Não há mais Shakespeare sobre o criado mudo. Não há mais o amor cortês e o cavalheirismo (com ou sem Karnal). Não há o que sugar do bagaço da fruta. O ser que agora habita é oco, sem alma e sem emoção, como a cara plástica de Mark Zuckerberg.
A vida, sumariamente, como vimos ainda alguns anos, se esfacela, virando nevoeiro na esteira do tempo. O mal continua agindo nas sombras e becos do mundo. Os poucos casais, quando se juntam dentro dos apartamentos, estão sem planos e tristes. Vão inebriados ao pet-shop comprar brinquedos, caminhas e chiqueirinhos de fazer xixi. Quando isso ocorre, com sucesso, é como uma criança que aprendeu a andar para eles. Como ser romântico com tudo isso?
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista / Dezembro de 2020.
quinta-feira, 25 de junho de 2020
280 caracteres de mim (parte II)
2 - Cumpre-se uma profecia silenciosa: um dia acabarão com toda beleza que nos resta. Desde o concurso de miss universo até as catedrais góticas. Imaginar, desvendar e apreciar o belo será crime. Então, seremos um mundo cinza, opaco, sem brilho. Em reverência à feiura, ao improviso e à falta de talento.
3 - Não há nenhum feito em Marielle, para toda essa ópera bufa que a imprensa entoa, como um canto gregoriano. Ela é, no contexto, só um Marighella do Leblon, um Chico Mendes sem floresta. A esquerda tem essa capacidade de criar heróis sem bravura, como se faz uma poesia de cordel.
4 - Deus é conservador. Se Ele fosse progressista, não teria expulso Adão e Eva do Paraíso; não haveria os 10 mandamentos; não deixaria que Suas palavras fossem compiladas e publicadas em um único livro, sem edição. Ele teria feito revisões a cada letra acrescentada à sigla LGBT.
5 - Os anos 60, 70, 80, 90 se fizeram sem grandes transformações culturais. Uma linha tênue, imperceptível aos olhos e ouvidos. A partir do anos 2000, alguém pôs fogo na floresta de nossas vidas. Nos tiraram o frescor das manhãs, o som dos ouvidos; tiraram o bom gosto. E quem não guardou seu disco vinil?
6 - Onde foi experimentado, o comunismo só trouxe fome, miséria, destruição e atraso. A desculpa, sempre, da esquerda é que ninguém entendeu Marx. DETURPARAM MARX! Será que, nesses mais de 100 anos, não existiu ninguém que enxergasse a bondade no coração desse homem, porra?!
7 - O que encoraja as pessoas a praticarem crime, de qualquer natureza, é o silêncio. O silêncio que eles fazem quando os crimes são praticados e o silêncio do mundo, quando eles são descobertos.
8 - As crianças de hoje já nascem intoxicadas das doenças morais e éticas deste século. São presas fáceis quando alcançam a idade escolar. Incutirão nelas amores e ódios. Profetizo: essa geração também envelhecerá, ao seu modo, mas não sentirá saudades da infância como eu sinto da minha.
9 - Às vezes, tento imaginar que tudo isso que vejo é um grande pesadelo. Que eu tenho 12 anos e que minha mãe vai me acordar para ir à escola: — “Antônio, acorda, já são 7h!”, como ela fazia. E eu vou dizer a ela: — “Mãe, tive um sonho horrível. O século XXI é tenebroso. Ainda bem que foi só um sonho ruim”.
10 - O século XXI é uma nave errante, já sem comando. Perdeu-se completamente o contato com o sagrado e, por consequência, uma vida sem sentido existencial. Em razão disso, cada vez mais ouvimos, lemos e presenciamos o bizarro como forma e seguimento do comportamento humano.
11 - Livrar o país do politicamente correto é livrar o país de uma narrativa que quer impor, sob pena e forma de censura, termos, posições e palavras com a desculpa de não constranger mais pessoas, grupos e classes sociais. É livrar país de uma erva daninha que controla a opinião pública.
12 - Toda vez que o homem se afasta do conservadorismo, ele se torna como um náufrago tentando se agarrar a qualquer coisa que esteja flutuando. Às vezes, a um pinto de borracha.
13 - Tenho 28 anos de formando em Arquitetura e Urbanismo e ainda vejo contemporâneos que não saíram da fase acadêmica. Que ser um bom arquiteto é ser contestador, porque a arquitetura é um manifesto político e bla bla. Isso me dá sono. Meu cliente não vai morar ou estar debaixo do meu manifesto político. Ou você é um bom profissional ou você é só um idiota romantizado por uma orgia marxista.
14 - Daqui a pouco passa essa MODA de música ruim, do veganismo, da Terra plana, da tatuagem sem limite, de criar cachorro que nem gente, de ter bumbum gigante, da mulher musculosa, e de querer ser chamado de João, quando você é Jane.
15 - O cristianismo enfrentou batalhas seculares para que hoje estivéssemos aqui, no século XXI, de boa. Infelizmente ela (Igreja) não distinguiu e acabou salvando também os tolos e os idiotas.
16 - “Só vou ser feliz quando…” me faz pensar que a sensação de incompletude vem desde o nascimento e nos acompanha para a vida toda. Não é o vinho, a droga, o vídeo game, o carro novo, o parceiro(a) que vão preencher esse buraco na alma. Conhecer-se, entender, lidar, aceitar e viver.
17 - O POVO BRASILEIRO ESTÁ ASSIM DIVIDIDO:
– Aquele que não tem a mínima ideia do que está se passando;
– Aquele que sabe parte, mas prefere ficar na alienação (fazendo selfie);
– Aquele que sabe o que se passa e não foge à luta;
– Aquele que menospreza tudo, porque tem o ego inflado;
– Aquele que torce pro avião cair, com ele dentro, porque é ideólogo;
– Aquele que é só FDP mesmo.
18 - O que me causa estranha impressão, não sou eu que já ultrapassei muitas barreiras, estudei, lutei, fiz carreira profissional e já não me enfio tanto na vida para obter proveito. (Aos 40’ do 2º tempo, só toco a bola para o lado). O que me assusta é o jovem que torce pro seu futuro dar errado.
19 - Somos terceiro-mundistas e isso não nos difere muito de repúblicas africanas, escravizadas sob a mão pesada de ditadores. A não percepção da lógica, do senso das proporções e a dificuldade cognitiva fez do Brasil um país vegetativo, enquanto o Estado era corroído pela elite política.
20 - Se você usa hashtag do tipo “vidas de negros importam”, talvez você não saiba que está, indiretamente, promovendo os ataques de grupos radicais (ANTIFAS, por ex) em todo EUA e agora no Brasil. Ontem, um policial aposentado, que tentava impedir saqueadores num comércio no condado de St Louis, foi alvejado e caiu morto. Ele também era negro. E você, se importou? TODAS AS VIDAS IMPORTAM. Mas para isso não precisamos usar hashtag, para não sermos ridicularizados ou servirmos de massa de manobra.
21 - Depois que o Merthiolate parou de arder; depois que as malas passaram a ter rodinhas, ninguém mais quis saber de esforço e dor. E o mundo só piorou.
22 - Todo 05 de junho é comemorado o dia do MEIO AMBIENTE. Importante termos essa consciência e de preservação de um planeta melhor, no futuro, aos muçulmanos.
23 - Na década de 70, a mulher era Sônia Braga. Tinha corpão e quase nada de peito. Depois veio a mulher só bonita e de corpo pouco exuberante, sem exagero, nos 80. Já nos anos 2000 foi a vez da mulher fake news: exagerada em tudo por conta do silicone. Até chegar agora, em 2020: a mulher com pinto.
24 - Estava aqui limpando o cano do revólver e pensando... O cara que chama você de GADO é aquele que está trancado dentro de casa há mais de 90 dias, sem nenhum questionamento, sem medir consequências, sem conhecer gráficos, pedindo iFood, assistindo JN e aguardando as ordens do governador.
25 - O relativismo moral foi trazido ao mundo na esteira do politicamente correto, para que ninguém mais saiba o que é certo ou errado, o que é o bem ou mal, o que é justo e injusto, o que mentira e o que é verdade. Sem perceber, as pessoas passam a duvidar dos seus próprios instintos e valores intrínsecos.
28 - A desinformação comunista construiu vários personagens para o mundo ocidental idolatrar. O serviço da KGB investiu propaganda pesada em nomes como Che Guevara e Frida Khalo. Ambos viraram heróis no Ocidente por mera propaganda. Ainda hoje há idiotas usando camisetas com suas imagens estampadas.
29- A arte da desinformação (dezinformatsiya) fez de Nicolae Ceausescu (tirano da Romênia) e Stálin (tirano da URSS) figuras adoráveis no Ocidente, enquanto Hitler (outro tirano) levava toda culpa das mãos cheias de sangue. Hitler matou menos que os dois juntos, mas foi péssimo em vender sua imagem.
30 - Durante a Guerra Fria, o serviço de inteligência soviético (KGB) tinha mais de um milhão de agentes e outros milhões de informantes espalhados pelo mundo. É muito ingênuo acreditar que toda essa teia de DESINFORMAÇÃO tenha sido desmantelada com a "queda" da cortina de ferro, em 1989.
31 - Desinformação não é o mesmo que fake news. Uma mentira, por si só, não atravessa uma rua. Já a desinformação é um mecanismo, uma estrutura pré concebida e planejada. Com cerne de verdade, é plantada fora das suas fronteiras, pra dar legitimidade. E, impulsionada, ganha vida própria.
32 - Para que uma desinformação obtivesse sucesso era preciso que toda trama à cerca dos fatos tivesse um “cerne de verdade”. Era a maneira como a KGB conduzia seus serviços durante a Guerra Fria. O caso do vírus chinês é algo que se assemelha a isso: mentiras com pitadas de meias verdade.
© Antônio de Oliveira / arquiteto, urbanista e cronista /junho de 2020
terça-feira, 2 de junho de 2020
Meu "sunscreen"
Não use drogas, nem por experimento;
sábado, 18 de abril de 2020
A goteira
Fazendo aqui um ensaio, tenho para mim que a luta está na alma, é por vício mesmo. Muitos deles vieram de uma geração onde se ia à escola pública de pés descalços, com apenas um caderno, um lápis e muita esperança estampada nos olhos. Naqueles tempos de escassez e carestia, o prato de comida era sagrado e se comia o que era posto à mesa. Em tudo mais havia luta.