BEM-VINDOS À CRÔNICAS, ETC.


Amor é privilégio de maduros / estendidos na mais estreita cama, / que se torna a mais / larga e mais relvosa, / roçando, em cada poro, o céu do corpo. / É isto, amor: o ganho não previsto, / o prêmio subterrâneo e coruscante, / leitura de relâmpago cifrado, /que, decifrado, nada mais existe / valendo a pena e o preço do terrestre, / salvo o minuto de ouro no relógio / minúsculo, vibrando no crepúsculo. / Amor é o que se aprende no limite, / depois de se arquivar toda a ciência / herdada, ouvida. / Amor começa tarde. (O Amor e seu tempoCarlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caminhos cruzados

Ela não podia ouvir
Como poder ouvir?
Latejante era a dor
E nem lembrava
Como a lua dançava
Quando o sino dobrava
Na noite do seu “sim”...
Ela não caia em si
Como poder fingir?
Ele velejava
Dia e noite
Noite e dia
E não voltava pra ela
Noites acordada
Apertava no peito
Mil convites pra sair
Ele não podia sentir
Mas havia um só beijo
Em seu paladar
E não desembarcava
Nunca daquele avião
Ignorava suas rotas em vão
Caminhos cruzados mudarão
Trajetórias e vida
Namorados de outros serão

Em vastos oceanos
Ele atravessava
De um país a outro
Remando em canções
Chamando seu nome no fim
Ela não havia
E nem sabia mais a razão
Ele virou numa esquina
E sumiu na retina
A sua visão
E aí, conta uma lenda...
Quer que o amor se prenda?
Solte dentro do coração
Até que o destino, milagres
Presságios e sonhos...
Outra vida, outras ruas
Cruzem, então
Os amores, olhares
De dois corações

Ele virou vento
Ela virou flor
Ele esperou no tempo
Ela dormiu na espera
Ele seguiu na correnteza
Ela na primavera
Ele chorou, no entanto...
E ela com certeza.

Antonio / 2005

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